“Trabalhar na produção dos bolos deu ânimo às nossas vidas”. Foi com essa frase que Rozineide dos Santos, 40 anos, agricultora familiar e moradora da Comunidade Quilombola de Sítio Grossos, da cidade de Bom Jesus, no Rio Grande do Norte (RN), definiu a importância de participar do processo de fabricação de bolos, entregue aos alunos da Rede Estadual de Ensino de Natal (RN), juntamente com produtos da agricultura familiar. Ela é uma das mulheres associadas à Cooperativa da Agricultura Familiar da Região Potengi (CoopPotengi), que integra a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).
Desde dezembro de 2020, cerca de 30 mulheres da CoopPotengi começaram a trabalhar na produção dos bolos, garantindo o seu sustento e de sua família, desenvolvendo a autoestima e o empoderamento, bem como, alimentando crianças e adolescentes. Até 18 de janeiro, foram produzidos 40.509 bolos. Além da CoopPotengi, associadas de cerca de outras dez cooperativas da região também trabalham com a produção de bolos e demais alimentos.
O trabalho é resultado de chamamento público da Secretaria de Educação do Estado e é realizado através das parcerias das prefeituras de Bom Jesus e São Paulo do Potengi; Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater – RN); Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Rio Grande do Norte (Fetraf-RN) e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Sintraf-RN).
Processo de interação social
Para a presidente da CoopPotengi, Cícera Franco, ser mulher e estar à frente de um projeto como esse é um grande desafio. “ É um processo de intercooperação, valorização do cooperativismo, de muita responsabilidade, luta e aprendizado. Ver essas mulheres felizes, ganhando sua renda, é extremamente gratificante, pois vai muito além de produzir e comercializar, é um processo de interação social e melhoria da qualidade de vida”, ressalta.
A diretora da Secretaria de Mulheres da Unicafes, Fátima Lima Torres, enfatiza que devido à pandemia do Coronavírus, as associadas pararam de comercializar seus produtos nas feiras. Com a produção dos bolos, tiveram a oportunidade de continuar tendo uma renda e estarem em atividade. “O nosso papel é de buscar o empoderamento das mulheres, através da inserção em políticas públicas. Além de trazer o sustento, que lhe dá esse empoderamento, sabemos que estar em contato com outras mulheres dialogando, trabalhando, melhora a autoestima, a saúde física e mental”, avalia.
Raiane dos Santo, 20 anos, filha de Rozineide dos Santos, agricultora familiar e também associada da CoopPotengi, afirma que além do projeto dar visibilidade para a comunidade quilombola, o sentimento é de valorização. “É motivo de satisfação estar dentro desse movimento e termos a possibilidade de termos uma vida melhor. Estamos alimentando vidas, trabalhando e colaborando com o desenvolvimento da sociedade”, frisa.
Texto: Daiane Benso/Ascom Unicafes Nacional
Foto: Arquivo pessoal