A direção da União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas) foi recebida em audiência hoje, dia 29, pelo ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias. O encontro faz parte da linha de trabalho do novo ministro, que tem chamado as entidades e movimentos sociais para analisar possíveis estratégias e caminhos políticos para os próximos anos.

Mas a data tem um valor especial para o Cooperativismo Solidário brasileiro: há exato um ano os dirigentes da Unicafes (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária), da Unisol Brasil (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários) e da Concrab (Confederação das Cooperativas da Reforma Agrária do Brasil) se reuniram para construir um novo Marco Legal do Cooperativismo e, a partir deste projeto, nasceu a Unicopas.

Hoje, os representantes da Unicopas presentes na audiência fizeram destaques em pontos relevantes da política posta em prática pelo Ministério, entre os quais a dinamização econômica da Agricultura Familiar, a política de ATER, a ampliação do crédito, o fortalecimento das cadeias produtivas e o avanço da reforma agrária.

Francisco Dal Chiavon, secretário da Unicopas e presidente da Concrab, enfatizou a urgência do apoio do MDA à nova Lei Geral das Cooperativas. As cooperativas solidárias não estão representadas neste sistema que impõe uma exclusividade construída nos anos da ditadura. Arildo Mota, tesoureiro da Unicopas e presidente da Unisol, ressaltou também emergência de mais dinamismo para os programas existentes. "Precisamos trabalhar integrados, juntar estratégias comuns da Agricultura Familiar e da Economia Solidária, porque já está mais que provado que onde trabalhadores e trabalhadoras optam pelo cooperativismo, todos os índices melhoram", afirmou.

Os representantes da Unicafes presentes na audiência - Silvio Monteiro, Generosa Oliveira e Genes Fonseca - reforçaram a pertinência do debate em torno do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), da agroecologia e das cadeias produtivas - entre elas a do leite, que atravessa um momento de dificuldade na produção. "O MDA é estratégico para nós e, com este novo ciclo, temos forte esperança na reestruturação", destacou Silvio.

SOCIEDADE MAIS JUSTA

Patrus Ananias fez questão de reafirmar "o compromisso histórico que com a questão do cooperativismo". O ministro disse estar cada vez mais convencido que o cooperativismo é o caminho para construirmos uma sociedade mais justa. "Este ano vai ser difícil, com acertos e ajustes, mas a nossa ideia é manter os programas estratégicos, acumularmos novos projetos e avançarmos quando o momento for mais favorável".

Segundo Patrus, o primeiro passo a ser dado é disciplinarmos o capitalismo, colocarmos limites, dispormos outros valores na mesa: a justiça, a vida, a dignidade humana e a Agricultura Familiar. É objetivo do MDA levar o tema para outras esferas governamentais, fortalecer o Condraf e - um toque pessoal do ministro - criar um fórum onde todas entidades e movimentos para buscar consensos. "Outros movimentos já pontuaram questões que foram trazidas hoje, mas existem posturas diferentes e a gente pode discutir estratégias comuns em um fórum mais amplo", explicou.

Estudioso do tema Territórios, Patrus afirmou que irá retomar os territórios no Desenvolvimento Agrário. É preciso, para o ministro, pensar de forma integrada a saúde, o meio ambiente, a educação, a cultura, "e o território é o espaço para isso".

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