Os alimentos da agricultura familiar também podem contribuir com o aprendizado e desempenho escolar dos estudantes brasileiros da rede pública municipal de ensino. Isso é o que indica o estudo “Efeitos da Inserção de Produtos da Agricultura Familiar na Alimentação Escolar sobre o Desempenho de Alunos da Rede Pública no Brasil”, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A pesquisa revelou uma relação positiva e significativa entre o cumprimento da Lei Nº 11.947/2009, que incentiva a aquisição de alimentos da agricultura familiar para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o desempenho dos estudantes em português e matemática, a partir da análise das notas do exame nacional do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) nos anos de 2013 e 2019.
Conforme o estudo, as escolas que adquirem mais alimentos da agricultura familiar tendem a apresentar notas mais altas nessas disciplinas. Os resultados apresentaram um acréscimo estimado de 2,85 pontos em português e 2,91 pontos em matemática em 2013, e de 2,57 e 3,34 pontos, respectivamente, em 2019.
Desta maneira, os resultados apontam que a oferta de alimentos mais saudáveis e nutritivos, provenientes da agricultura familiar, pode contribuir para um melhor desenvolvimento cognitivo dos alunos, maior concentração em sala de aula e, consequentemente, melhores resultados nas avaliações.
Alimentos com vitalidade
A nutricionista Claudia Lulkin, da Secretaria Municipal de Educação de Alto Paraiso, de Goiás, destaca que toda a alimentação saudável, que vem da agricultura, tem vitalidade. Conforme ela, a nutrição acaba provando que alimentos cheios de vitalidade trarão também vitalidade para as crianças, o que influenciará no seu desempenho escolar.
Claudia elenca que todas as verduras e legumes, como cenouras, beterrabas, espinafre, brócolis, couve-flor; os temperos: coentro, salsinha, cebolinha; e frutas: banana, limão, mamão, além de integrais e leguminosas podem ser alimentos que contribuam com o desempenho escolar das crianças.
A nutricionista ainda destaca que o Pnae garante a segurança alimentar e a soberania alimentar, fortalecendo uma rede de economia solidária e de saúde coletiva.
Alimentos e identidade local
A presidente da Confederação Unicafes, Fátima Torres, avalia que a inserção dos produtos da agricultura familiar na alimentação escolar colabora com a aprendizagem, porque melhora a autoestima dos alunos, já que consomem produtos que tem sua identidade local. “Além de nutritiva e saudável, muitos destes alimentos são produzidos por alguém da família ou da própria comunidade da criança ou do adolescente, são alimentos regionais que estão embutidos na identidade dos mesmos. Assim, analiso que se os alunos estão bem estimulados, consequentemente seu desempenho vai melhorar”.
Texto: Daiane Benso/Ascom Unicafes Nacional – Com informações do Ipea