Em 2017, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou o último censo agropecuário antes da pandemia. Naquela época, o Brasil tinha 5,073 milhões de estabelecimentos rurais, sendo 76,8% ligados à agricultura familiar, gerando R$ 106,5 bilhões para o país. Entretanto, assim como a Covid-19 se espalhou pelo mundo, o vírus adoeceu não apenas a população, mas também a economia. De acordo com o Boletim de Política Social (BPS), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), itens básicos de alimentação tiveram altas expressivas no Brasil. Apenas em 2020, a inflação abrangeu o feijão (45,4%), leite (26,9%), arroz (76%), carne (18%) e batata (67,3%).
O encarecimento dos preços foi influenciado pelo medo de desabastecimento dos alimentos e pelas restrições na comercialização, impactando fundamentalmente o pequeno produtor, com a suspensão das feiras livres e fechamento de restaurantes. Dificuldades aprofundadas no caso da Agricultura Familiar, com suspensão temporária do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), Programa Nacional de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Agricultura Familiar na internet
Seguindo a tendência do comércio mundial, a agricultora Nerly Bertipaglia, 24 anos, residente em Dourados, Mato Grosso do Sul, migrou para o comércio virtual. Ela conta que tudo começou com a criação de um canal no Youtube: “Foi uma iniciativa recente que nós tivemos para trazer um pouco da nossa realidade, como a gente produz os alimentos orgânicos”. Na propriedade da família, as atividades são divididas com os pais e irmãos que produzem mais 30 itens produtos certificados com selo de produção orgânica. As hortaliças e frutas passaram a ser vendidos no Instagram, pelo site Família Bertipaglia e via WhatsApp. “Está dando super certo e, agora, além das vendas pela internet, com o fim do isolamento social a gente está entregando no comércio também”, complementa Nerly.
A diversificação nas formas de venda somada ao avanço na vacinação, já podem ser verificados positivamente na economia. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE, em maio, o desemprego diminuiu em 0,7% Isso equivale a 700 mil brasileiros voltando ao mercado de trabalho. Atualmente, 10,5% da população estão sem emprego formal, a taxa mais baixa desde 2015.
Entretanto, no início de janeiro, o Banco Mundial divulgou relatório apontando que a economia global deve ter desempenho fraco em 2022 e 2023, graças às novas variantes da Covid-19 e também ao endividamento da população. Neste contexto de incertezas, ainda é necessária cautela do agricultor familiar que pretende investir.
CRÉDITO: https://www.familiabertipaglia.com.br/
O autor
Fernando Ringel é jornalista e professor universitário, com experiência em rádio, jornal e assessoria de comunicação.