Agricultores familiares inovam em Goiás e produzem cerveja a partir da mandioca
06 de julho de 2021

Em Araguapaz, município distante 260 quilômetros de Goiânia (GO), cerca de 30 agricultores familiares do Assentamento Santa Anna vêm fomentando um novo mercado: de produção de cerveja a partir da fécula da mandioca (amido extraído das raízes).

 

Idealizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), com o apoio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), Secretaria da Retomada e Gabinete de Políticas Sociais (GPS), a produção de mandioca para a fabricação de cerveja é vendida por meio da Cooperativa de Agricultores Familiares Araguapaz (Coopaz).

 

No entanto, para capacitar e auxiliar os agricultores familiares no processo, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás realizou Treinamento do Cultivo de Mandioca, através da Formação Profissional Rural (FPF), com técnicas voltadas ao cultivo, ampliação de rendimento por hectare e comercialização.

 

Conforme o técnico Edgar França, de uma empresa de consultoria contratada pela prefeitura municipal para auxiliar os produtores, a venda para a Ambev (empresa que compra a mandioca) é uma alternativa muito interessante para escoar a produção in natura. Ele avalia que se comparado à utilização da mandioca como matéria-prima para produtos processados, evitam-se os gastos com pós-colheita, mão de obra de processamento, busca de mercado, regularização sanitária entre outros gargalos enfrentados pela agricultura familiar.

 

Atualmente, cada tonelada de mandioca é vendida para produção de cerveja por cerca de R$ 720, sendo que a mesma quantidade de raiz, depois de processada, rende 300 quilos de farinha, e cada quilo é vendido em média por R$ 5, o que dá um valor de R$ 1,5 mil. Já o polvilho rende menos ainda: com uma tonelada de mandioca se produz cerca de 150 quilos, vendidos a R$ 6, o que equivale a R$ 900.

 

Para o agricultor familiar, Joaquim Barbosa, “apesar de parecer que a farinha e o polvilho dão mais dinheiro, depois que nós descontamos a mão de obra e outros custos para deixar os produtos prontos, percebemos que a venda da mandioca direto da roça para fábrica de cerveja compensa mais no momento”.

 

História e cultura

A cerveja de mandioca desenvolvida pela Ambev chama Esmera e foi criada em homenagem ao povo goiano.  Segundo o coordenador agronômico da empresa, Fábio Ferreira, a cadeia produtiva da cerveja gera novas oportunidades de negócios para o setor agrícola, cervejeiro e pontos de venda.

 

De acordo com a Ambev, a criação da Esmera a partir da mandioca, ingrediente presente na história e cultura local, ajuda a equilibrar e trazer leveza e refrescância, sem perder o sabor tradicional de uma cerveja. “A inovação está diretamente ligada à agricultura. Por meio deste projeto, levamos aos produtores a oportunidade de comercialização, além do manejo adequado e a organização financeira”, ressalta.

 

Informações da Coopaz, Senar, Ambev e Revista Campo
Foto: Senar/GO – Divulgação

 
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