Em Araguapaz, município distante 260 quilômetros de Goiânia (GO), cerca de 30 agricultores familiares do Assentamento Santa Anna vêm fomentando um novo mercado: de produção de cerveja a partir da fécula da mandioca (amido extraído das raízes).
Idealizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), com o apoio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), Secretaria da Retomada e Gabinete de Políticas Sociais (GPS), a produção de mandioca para a fabricação de cerveja é vendida por meio da Cooperativa de Agricultores Familiares Araguapaz (Coopaz).
No entanto, para capacitar e auxiliar os agricultores familiares no processo, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás realizou Treinamento do Cultivo de Mandioca, através da Formação Profissional Rural (FPF), com técnicas voltadas ao cultivo, ampliação de rendimento por hectare e comercialização.
Conforme o técnico Edgar França, de uma empresa de consultoria contratada pela prefeitura municipal para auxiliar os produtores, a venda para a Ambev (empresa que compra a mandioca) é uma alternativa muito interessante para escoar a produção in natura. Ele avalia que se comparado à utilização da mandioca como matéria-prima para produtos processados, evitam-se os gastos com pós-colheita, mão de obra de processamento, busca de mercado, regularização sanitária entre outros gargalos enfrentados pela agricultura familiar.
Atualmente, cada tonelada de mandioca é vendida para produção de cerveja por cerca de R$ 720, sendo que a mesma quantidade de raiz, depois de processada, rende 300 quilos de farinha, e cada quilo é vendido em média por R$ 5, o que dá um valor de R$ 1,5 mil. Já o polvilho rende menos ainda: com uma tonelada de mandioca se produz cerca de 150 quilos, vendidos a R$ 6, o que equivale a R$ 900.
Para o agricultor familiar, Joaquim Barbosa, “apesar de parecer que a farinha e o polvilho dão mais dinheiro, depois que nós descontamos a mão de obra e outros custos para deixar os produtos prontos, percebemos que a venda da mandioca direto da roça para fábrica de cerveja compensa mais no momento”.
História e cultura
A cerveja de mandioca desenvolvida pela Ambev chama Esmera e foi criada em homenagem ao povo goiano. Segundo o coordenador agronômico da empresa, Fábio Ferreira, a cadeia produtiva da cerveja gera novas oportunidades de negócios para o setor agrícola, cervejeiro e pontos de venda.
De acordo com a Ambev, a criação da Esmera a partir da mandioca, ingrediente presente na história e cultura local, ajuda a equilibrar e trazer leveza e refrescância, sem perder o sabor tradicional de uma cerveja. “A inovação está diretamente ligada à agricultura. Por meio deste projeto, levamos aos produtores a oportunidade de comercialização, além do manejo adequado e a organização financeira”, ressalta.
Informações da Coopaz, Senar, Ambev e Revista Campo
Foto: Senar/GO – Divulgação