Agricultores familiares do Rio Grande do Sul sofrem impacto da redução do biodiesel no diesel e temem perda de mercado na safra
30 de junho de 2021

O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais produz biodiesel no Brasil, sendo que a soja é a sua principal matéria-prima. No entanto, após o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Ministério da Agricultura (Mapa) reduzirem, em abril, de 13% para 10% da mistura obrigatória do biodiesel no diesel, a produção caiu significativamente no Estado e tem afetado os agricultores familiares.

 

Conforme a União das Cooperativas de Agricultura Familiar Rio Grande do Sul (Unicafes), em 2016, mais de 36 mil famílias de agricultores familiares integravam o programa de incentivo ao biodiesel no Estado, e agora, diante deste cenário, há uma grande preocupação com a possível perda de mercado na próxima safra, já que a mistura do biodiesel é um componente importante na composição do preço da soja.

 

O economista-chefe da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Amaral Furlan, ressalta que o biodiesel proporciona o crescimento produtivo das matérias-primas, fortalecendo mercado para os agricultores e pecuaristas. Segundo ele, atualmente, mais da metade do processamento de soja depende diretamente da produção de biodiesel.

 

Para o presidente da Cooperativa de Pequenos Agropecuaristas de Ibirubá Ltda (Coopeagri), do Rio Grande do Sul, Lecian Gilberto Conrad, os impactos da redução da mistura do biodiesel são totalmente negativos para a cadeia produtiva da soja. Ele avalia que, consequentemente, as indústrias comprarão menos soja das cooperativas e as mesmas terão mais dificuldade de se manterem financeiramente.

 

“Ano após ano, os agricultores familiares estavam tendo um aumento nas suas vendas, era uma sobra líquida acrescentada ao preço. Havia uma agregação de valor muito importante para as cooperativas do Rio Grande do Sul, movimentando toda a cadeia, era mais investimento para a assistência técnica, para a economia local e também, do ponto de vista sustentável, menos impacto ao meio ambiente”, analisa.

 

Saiba mais

Em abril, a Unicafes Nacional, após o Governo Federal suspender o Leilão de Biodiesel, reiterou apoio à Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) e o Selo Biocombustível Social (SBS). A Instituição defende que o Programa auxilia tanto na inclusão produtiva e social dos agricultores familiares, fornecedores de matérias-primas para a produção de biodiesel, como na geração de renda no campo, bem como, é responsável por sustentar a organização produtiva desses agricultores, amparando sua inserção no mercado e viabilizando de forma efetiva o acesso à assistência técnica aos associados.

                               

Texto: Daiane Benso – Ascom Unicafes Nacional – com informações de Felipe Faleiro
Fotos: Coopeagri/Divulgação

 
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