A diminuição e o corte de alguns programas de incentivo, aliada a um processo de desqualificação e criminalização da Agricultura Familiar estão impactando o setor e causando preocupação aos agricultores familiares. A avaliação foi feita durante o Seminário de Cooperativismo Solidário realizado pela Federação de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado do Paraná – UNICAFES – PR.  O evento, realizado em Cascavel no dia 18, discutiu a importância do cooperativismo para o desenvolvimento regional e iniciativas concretas para colocar as pessoas no centro do desenvolvimento.

Para o deputado federal Assis do Couto (PDT-PR), o momento é de desmonte e enfraquecimento das políticas públicas que ajudaram a estruturar a Agricultura Familiar nos últimos anos. “Estamos vendo a retirada de ações de governo que nos davam muitas vezes condições de sobreviver como cooperativas. Quais são estas ações? Crédito, com juros subsidiados, que foi o que alavancou o sistema Cresol; o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) terá uma redução, ou até mesmo o fim. O PAA (Programa Nacional de Compras da Agricultura Familiar) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) também estão sendo reduzidos”, argumentou ao observar que nos últimos dois anos e meio a Conab não comprou nenhum litro de leite.

Membro da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara Federal, Assis falou sobre a importância da manutenção e aprimoramento das ações de governo para o setor. “Precisamos necessariamente interagir com políticas públicas. A retirada dessas conquistas coloca uma incerteza no futuro. Agora, por que um governo provisório, fruto de um golpe parlamentar, consegue tamanho estrago, tamanha destruição dessas políticas”, questionou.

 

  A frente o presidente da Unicafes Nacional, Vanderley Ziger, Deputado Federal Assis do Couto, e Clério Plein professor da Unioeste campus Fco Beltrão.

Nesse sentido o parlamentar reforçou ainda o caráter social das cooperativas, que têm origem nas organizações campesinas, movimentos sociais, sindicais e igreja.  “As cooperativas são instrumentos de inclusão social, econômica e cultural sim. Nós não nascemos ao acaso, não somos frutos de nenhuma concessão de movimentos de direita”, afirmou ao reconhecer que os governos Lula/Dilma criaram programas de incentivo, porém, não fizeram as mudanças estruturais necessárias para a manutenção de tais políticas públicas.  A exemplo da lei da Agricultura Familiar, aprovada em 2006, porém, até hoje sem regulamentação.

Para o presidente do Instituto de Formação do Cooperativismo Solidário (Infocos) e da Unicafes Nacional, Vanderley Ziger, o momento requer uma reavaliação de rumos. “Temos que manter relações institucionais com o governo, através de políticas públicas; com a nossa base, buscando o envolvimento de jovens e mulheres; devemos manter nossas parcerias históricas e buscar novas parcerias; e temos que manter relações com a academia, para formação de novos quadros que estejam interessados no cooperativismo solidário”, defendeu.

Ziger assegura que cooperativismo e desenvolvimento é possível. Para isso, ele argumenta que é preciso manter a qualidade e o compromisso com o quadro social de cooperados. “Temos que perguntar para o quadro pessoal o que ele quer. Hoje temos um volume de negócios maior, porém, o diálogo é menor. Temos que compreender que a verticalização de alguns pontos é importante, mas sem ferir as autonomias locais. Quem pensa em Cooperativismo Solidário hoje?”, questionou.  

Outro painelista do evento, o professor do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Clério Plein, chamou a atenção para a importância do espaço rural. “É muito mais do que o espaço em que se produz. O espaço rural é um espaço em que se vive”.

Plein destacou que o desenvolvimento rural é uma luta por autonomia. “É preciso conhecer a dinâmica dos diversos mercados e compreender as diferenças entre o processo de mercantilização capitalista, que visa o lucro baseado na mais valia, e o cooperativismo solidário”. Por fim, reforçou a tese de que políticas públicas são fundamentais para garantir o acesso do cooperativismo solidário ao mercado. 

 

O diretor da FAO, Valter Bianchini também participou dos painéis falando sobre a importância da Agricultura Familiar para o desenvolvimento regional. 

 

 

Fonte: Assessoria de Imprensa/Deputado Federal Assis do Couto e Unicafes Paraná