A agricultura familiar tem uma expressiva produção de três alimentos bem brasileiros: a mandioca (83%), o feijão (70%) e o leite de vaca (58%). As regiões Norte, Nordeste e Sul são as que mais se destacam, tendo como referência a participação na produção familiar os estados de Roraima (99% do feijão), Pernambuco (97% de mandioca) e Santa Catarina (87% de leite), de acordo com o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um dos fatores que contribui para o investimento nesses alimentos é a garantia de incremento de renda, como explica o secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA), Valter Bianchini. “A possibilidade de retorno mais rápido desses produtos e a comercialização facilitada faz com que a agricultura familiar invista neles. O feijão, por exemplo, é uma cultura de ciclo curto e há variedades do grão que chegam a produzir em 85 dias, não atrapalhando a produção principal da família e podendo ser plantado em, pelo menos, três safras/ano”.

Entre esses alimentos, Bianchini destaca que o leite é um dos que mais agregam valor ao trabalho familiar. “O leite é um dos produtos campeões em financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), seja na aquisição de animais, seja na melhoria de infraestrutura. Ele é um produto que garante uma entrada mensal, fundamental para a manutenção das despesas familiar. Se o agricultor opta por ter apenas culturas, os resultados das safras entram uma ou duas vezes ao ano”.

Políticas de incentivo

Foi o que fez o casal Ederson e Marineide Mahle, 31 e 26 anos, respectivamente. Há dez anos, os agricultores familiares da comunidade rural de Jacutinga, a 11 quilômetros do centro do município catarinense Saudades, decidiram apostar no legado dos pais: a criação de gado leiteiro. A propriedade conta com 18 vacas holandesas e 33 novilhos. No período de inverno, são produzidos, em média, 400 litros de leite por dia , chegando a 12 mil litros por ano.

O começo não foi fácil. A propriedade de 4,8 hectares foi adquirida pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) e o investimento na infraestrutura da propriedade veio do Pronaf. “Em 2004, época que a gente ainda namorava, nós compramos a terra. De lá para cá, nós pegamos três financiamentos pelo Pronaf, um deles foi usado para compra de um trator. O crédito é fundamental para que as pessoas se mantenham no campo”, acredita Ederson.

“Tenho orgulho de tudo aquilo que a gente construiu. Nós compramos a terra sem nada em cima, nem uma árvore para dar sombra, nem uma casa. Tenho orgulho em ter conquistado isso em oito anos com ajuda dos financiamentos, porque, se não fosse assim, não teríamos dinheiro para começar e poderíamos até ir para a cidade”, lembra Marineide. Da produção, 70% do leite são comercializados em cooperativas locais.

Mandioca

Em relação à produção da mandioca, o secretário explicou que o alimento é escolhido pelos agricultores familiares devido às características do produto. “É uma cultura de resistência a pragas e doenças, se adapta a diferentes tipos de solo, inclusive, os mais arenosos e tem facilidade de mercado, seja para comercialização às pequenas e médias indústrias de farinha, seja para a venda em mercados”, detalha Bianchini.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário